domingo, 24 de maio de 2009

A propósito da Diferença...


Não há, não,
duas folhas iguais em toda a criação.

Ou nervura a menos, ou célula a mais,
não há, de certeza, duas folhas iguais.

Limbo todas têm,
que é próprio das folhas;
pecíolo algumas;
baínha nem todas.
Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.

Outras acerosas,
redondas, agudas,
macias, viscosas,
fibrosas, carnudas.

Nas formas presentes,
nos actos distantes,
mesmo semelhantes
são sempre diferentes.

Umas vão e caem no charco cinzento,
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.

Mas outras não jazem,
nem caem, nem gritam,
apenas volitam
nas dobras do vento.

É dessas que eu sou.

António Gedeão

2 comentários:

BRISADAREOSA disse...

A última quadra é deliciosa.

É fantástica a forma como Gedeão consegue, com tantos termos "científicos", fazer poesia tão simples e directa.

Luz disse...

Um belo poema!
Uma bela definição de diversidade.
(até parece que está a falar da nossa sala...)
Obrigado por nos ter oferecido este poema... Vou afixá-lo em local de destaque.
Muito bonito
Luz