Saudade
Não queria conhecer-te, saudade!
Vens, sombria, quando os amigos partem...
Segues-me amargamente,
quando me ausento...
Torturas-me, implacável,
quando morre alguém que amo...
Não queria conhecer-te, saudade!
És irmã da ausência dolorosa,
companheira da angústia e da morte.
Nasces e cresces mansamente
na terra húmida das lágrimas
e dos corações que sangram...
Mas só quem ama tem saudades...
Pro isso vens docemente,
como onda magnética, invisível,
elo diáfono de presença ilusória,
para enlaçar amizades ou amores,
que a distância cruelmente separou.
Misteriosa irmã da Dor!
Inquietas, punges, laceras,
fazes sofrer e morrer,
porque és também
filha estremecida do AMOR...
Mário Salgueirinho
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