sábado, 29 de novembro de 2008

A propósito do conto "No Moinho"


23 de Novembro de 1890


Querido Primo, não entendo o porquê de sua repentina vontade de se ir embora, não percebe o quanto preciso de si? Tenho saudades de suas palavras calorosas que consolam minha alma, do seu olhar, do seu abraço. Ao vê-lo partir minha alma ficou sem motivo para existir! Hoje estou perdida! O sofrimento vem à noite, sem vergonha e só o sono suaviza minha dor. Quero viver do seu olhar, do seu sorriso e esquecer toda a solidão que tenho vivido!
Se Deus me desse a oportunidade de escolher o lugar onde ficar, não hesitaria em responder que o meu lugar é nos braços. Já não suporto este vazio, quero entregar-me, ter-lhe a si e ser chama de sua paixão…
Sinto um enorme desejo de o ter a meu lado, você fez-me pensar na possibilidade de ser feliz tendo por perto quem amamos, por favor, dê um final feliz ao meu anseio, não me deixe viver de ilusões… Não consigo lutar contra esta vontade que me desafia, não tenho mais forças!
Entre meus suspiros, tento explicar o amor que deixou de ser disfarçado, as vezes em que penso em si, as vezes em que imagino nossos beijos, as carícias nos nossos corpos, esperando pelo dia em que voltará!
Agora tenho de ir tratar dos meus doentes e de voltar a minha amargurada rotina.
Me despeço com muito amor e saudade…

Beijos e abraços da sempre sua, Maria da Piedade

Daniela Sofia

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem, Daniela. É pena que o primo Adrião já não esteja vivo (suponho...) para poder ler esta linda carta.