sexta-feira, 8 de agosto de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
O limpa-palavras
O limpa-palavras
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
A palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
Enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
Quase todas as palavras
Precisam de ser limpas e acariciadas:
A palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
E do mau uso.
Muitas chegam doentes,
Outras simplesmente gastas, estafadas,
Dobradas pelo peso das coisas
Que trazem às costas.
A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar
E é preciso fechá-la na arrecadação.
No fim de tudo voltam os olhos para a luz
E vão para longe, leves palavras voadoras
Sem nada que as prenda à terra,
Outra vez nascidas pela minha mão:
A palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.
A palavra obrigado agradece-me.
As outras, não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
E lavadas como seixos do rio:
A palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.
Vão à procura de quem as queira dizer,
De mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes um braço para apanhares
A palavra barco ou a palavra amor.
Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.
Álvaro Magalhães
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
A palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
Enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
Quase todas as palavras
Precisam de ser limpas e acariciadas:
A palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
E do mau uso.
Muitas chegam doentes,
Outras simplesmente gastas, estafadas,
Dobradas pelo peso das coisas
Que trazem às costas.
A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar
E é preciso fechá-la na arrecadação.
No fim de tudo voltam os olhos para a luz
E vão para longe, leves palavras voadoras
Sem nada que as prenda à terra,
Outra vez nascidas pela minha mão:
A palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.
A palavra obrigado agradece-me.
As outras, não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
E lavadas como seixos do rio:
A palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.
Vão à procura de quem as queira dizer,
De mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes um braço para apanhares
A palavra barco ou a palavra amor.
Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.
Álvaro Magalhães
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Palavras...
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Mistérios da Natureza...
(...) Tive a oportunidade de apreciar um espectáculo natural (e natural significa sem a intervenção da mão do homem) maravilhoso, que me deixou de boca aberta, tal era a perfeição com que todos os movimentos eram executados. Na tarde do primeiro dia de Janeiro estive algum tempo em frente ao mar. Estava revolto mas lindo como sempre. Sobre o extenso areal, gaivotas, muitas gaivotas "brincavam" e o termo apropriado é mesmo este, brincavam no ar em pleno voo.
Reparei então que as gaivotas desciam rapidamente à areia, prendiam no bico pequenas conchas, levantavam voo e a uma altura, sensivelmente de 6 ou 7 metros, largavam a concha presa no bico. Esta, pela força da gravidade, descia na vertical. A gaivota impulsionando o corpo, descia a pique e tentava apanhar a concha largada segundos antes, em pleno voo.Quando não conseguia, descia novamente, apanhava a concha, elevava-se no ar e voltava a largá-la, para voltar a apanhá-la ainda no ar.
Foi um espectáculo! Estive a admirar estes jogos de gaivotas, perto de uma hora e deu-me que pensar.
Quem ensinou estes seres a brincar?
Por que o faziam?
Como o Homem arranja sempre explicação para tudo, imaginámos que seria para treino, ou até para ensinar as crias a recuperarem os peixes que depois de apanhados lhes possam cair do bico, em voo.
Profª Margarida Rita
(excerto de e.mail enviado em Janeiro deste ano)
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Tempo...
Tempo
Dou-te o tempo,
dou-te o vento,
dou-te as asas
de um momento.
Dou-te a terra,
dou-te a enxada,
dou-te as mãos
pela alvorada.
Dou-te o frio,
dou-te a chama,
dou-te o fogo
de quem ama.
Dou-te a sede,
dou-te o vinho,
dou-te o cacho
de um carinho.
Dou-te a fome,
dou-te o pão,
dou-te a espiga
de uma paixão.
Dou-te a noite,
dou-te a luz,
dou-te o brilho
que me seduz.
E quando nada mais
tiver para te dar,
ficarei à tua espera
com tempo p’ra te amar.
Dou-te o tempo,
dou-te o vento,
dou-te as asas
de um momento.
Dou-te a terra,
dou-te a enxada,
dou-te as mãos
pela alvorada.
Dou-te o frio,
dou-te a chama,
dou-te o fogo
de quem ama.
Dou-te a sede,
dou-te o vinho,
dou-te o cacho
de um carinho.
Dou-te a fome,
dou-te o pão,
dou-te a espiga
de uma paixão.
Dou-te a noite,
dou-te a luz,
dou-te o brilho
que me seduz.
E quando nada mais
tiver para te dar,
ficarei à tua espera
com tempo p’ra te amar.
domingo, 3 de agosto de 2008
Nostalgia em fim de tarde...
(Ligar o som)
EU NÃO SEI QUEM TE PERDEU
Quando veio
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".
E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.
Uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite sou
Dono do céu,
Eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
Uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite sou
Dono do céu,
Eu não sei quem te perdeu.
Pedro Abrunhosa
sábado, 2 de agosto de 2008
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
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