quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O "Brinquedo" que não chegou...


Velho Menino-Deus que me vens ver
Quando o ano passou e as dores passaram:
Sim, pedi-te o brinquedo, e queria-o ter,
Mas quando as minhas dores o desejaram...

Agora, outras quimeras me tentaram
Em reinos onde tu não tens poder...
Outras mãos mentirosas me acenaram
A chamar, a mostrar e a prometer...

Vem, apesar de tudo, se queres vir.
Vem com neve nos ombros, a sorrir
A quem nunca doiraste a solidão...

Mas o brinquedo... quebra-o no caminho.
O que eu chorei por ele! Era de arminho
E batia-lhe dentro um coração...

Miguel Torga

Natais póstumos...

Ladainha dos póstumos Natais

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito

David Mourão-Ferreira

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A Outra Realidade do Natal...

Outros Natais...

O Natal, festa de amor, paz, fraternidade e, sobretudo, união familiar, nem sempre tem, para todos, a magia que o torna a celebração mais desejada do ano.
As situações de guerra, pobreza, doença e de sofrimento e saudade pela perda de entes queridos acabam por, lentamente, "apagar" o espírito natalício e destruir, dentro de nós, a alegria que, quando crianças, sentíamos.
Essa nostalgia está presente nas palavras de vários escritores e é-nos transmitida de forma sofrida, quer em prosa quer em poesia.
É o caso dos poemas que publicaremos nos próximos dias.
Esperamos que as suas mensagens não ensombrem a vossa felicidade e que sirvam, apenas, de reflexão sobre “outras" realidades... sem fitas, sem luzes, sem brilho...

Natal à beira-rio

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.

Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...

Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.

Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira

terça-feira, 27 de novembro de 2007

No Natal e em todos os dias do Ano...


É urgente


É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.


É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.


É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.


Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.

Eugénio de Andrade

sábado, 24 de novembro de 2007

Mantendo o Espírito Natalício...

Uma História de Afectos

Tive um sonho branco e breve:
Éramos dois bonecos de neve,
Criados por uma criança
Que mantinha a doce esperança
De construir um Mundo igual...

Nada em nós era diferente.
Nascidos de um mesmo ventre,
Dois clones, a mesma alma,
Que com ternura e com calma
A criança sonhou real.

Os mesmos olhos e narizes
Que, durante o dia, felizes,
Partilhavam sensações...
Das crianças, as emoções,
Gargalhadas de cristal!

Numa tarde de sol quente,
Um raio inconsequente
Transformou-nos em fria água:
Eram lágrimas de dor e mágoa,
Era o nosso adeus final...

Mas um dia que ainda lembro,
(Um doirado final de Setembro),
Encontrámo-nos frente a frente
Tudo em nós era diferente...
Só o sorriso era igual...

O tempo passou com afinco...
E, no ano de dois mil e cinco,
Um puro jogo de afectos
Tornou-nos Amigos Secretos,
E fez-se, de novo, Natal.

Profª Mª João Marques

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Os professores também apreciam certo humor...

(Clicar para aumentar)
"Bonecada" cedida pelo João Marques ("Administrator"do blog mais anti-depressivo que eu conheço :-)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Trofa é Concelho... O Sonho realizou-se...

(Lisboa, 19 de Novembro de 1998)

Com a autonomia, alcançada em 19 de Novembro de 1998, a Trofa viu a sua história tomar outro rumo. Era o início de uma etapa que leva já cinco anos de altos e baixos e de muitas mudanças. Há nove anos que é uma realidade o sonho dos trofenses - A Trofa é um Concelho.
Parabéns a todos aqueles que nunca deixaram de sonhar...



Pedra Filosofal
(...)

Eles (não) sabem, (nem) sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.

António Gedeão

sábado, 17 de novembro de 2007

Súplica...

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

17 de Novembro... Dia Mundial do Não Fumador

O Cigarro é uma arma que vai matando lentamente...

"Fumar, há muito deixou de ser um acto de "charme" e é, hoje, o comportamento que mais mortes produziu na história da Humanidade. Num século, o cigarro matou mais do que as epidemias dos últimos 2 mil anos".

Ronaldo Laranjeira, PhD em Psiquiatria pela Universidade de Londres, psiquiatra da Escola Paulista de Medicina


sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Reflexão...em fim-de-semana...


Decepção...

"As pessoas que mais amamos são as que mais nos decepcionam pois desejamos que sejam perfeitas e esquecemos que são humanas..."

Autor desconhecido

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

As Palavras...

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Dos alunos... para os Professores...

O Professor Napoleão Sousa Marques, patrono da nossa escola.
Foto cedida pelo Eng. Fernando José O. Castro (o menino com o professor)


Professor!...

Não escrevo para agradecer-te,
pois a felicidade da tua realização,
tantas vezes dura, tantas vezes heróica,
é a recompensa fundamental
da tua dedicação...

Venho dizer-te, para seres mais feliz ainda,
que começamos a partilhar tua lição,
quando chegas sorridente,
quando sobes ofegante, de mensagem na alma
e livros na mão...
Quando sais vagarosamente,
sob o peso do cansaço e desilusão...

Não escrevo para agradecer-te,
porque o nosso acolhimento caloroso,
a nossa atenção quando explicas,
a nossa compreensão quando a fadiga
te arrasta e nos cansas
o nosso interesse por ti
e por tudo quanto nos comunicas com paixão
tudo é resposta da nossa gratidão.

Mas escrevo-te com uma mensagem
de carinho e de esperança:
assegurar-te que não morrerás!
Ficarás vivo, perpetuando com saudade,
em tantas estátuas de carne e espírito,
que, num labor insano e agreste,
modelaste generosamente
com a tua doação de Mestre!

Mário Salgueirinho

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Espera...

Espera

Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.

Sophia de Mello Breyner

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Acabou o S. Martinho... Não acabaram as castanhas...

O homem das castanhas

Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.

É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.

A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.

José Carlos Ary dos Santos

domingo, 11 de novembro de 2007

Ampulheta

Ampulheta

Esvai-se a areia fria e indiferente...
Esvai-se o Tempo, esvai-se a Vida,
Esvai-se a esperança já perdida...

Recolho nas mãos o passado:
Um punhado de grãos soltos...
Em cinza e bruma envoltos
Feitos notas do meu fado...

Sentimentos...

Sentimentos

Se na tristeza, eu pensei,
Enquanto procurava o amor,
Na solidão do meu pensamento,
Ter vivido uma história,
Inundada de lágrimas e tristeza, acordei.
Mas foi tudo apenas um pensamento
Encantado e imerso
No amor e na amizade.
Tendo eu visto alguém que
Ouviu o meu triste choro,
Sentindo a minha alegria.

Sofia Castro, 7º B nº 26

sábado, 10 de novembro de 2007

Heróis do nosso Imaginário... Gulliver

CARTA A GULLIVER

Meu querido amigo,

Espero que te encontres bem no topo da tua altura de gigante das histórias do meu tempo de ser menino.

Tu foste o gigante e o anão dos meus sonhos enfeitados de mar e de chuva miudinha. Embarquei contigo nas naus que iam para toda a parte sem chegarem a parte nenhuma, e fui, como tu, marinheiro, soldado, aventureiro, conselheiro de reis e motivo de espanto para homens do tamanho de um polegar. Mas tudo a sonhar. Sempre e só a sonhar. Ai Gulliver, se tu soubesses como me fizeste perder o sentido da distância e a verdadeira medida das coisas. O que um dia era gigante, no outro tinha a pequenez de uma ervilha ou de uma pérola de orvalho.

Espero que te encontres bem e que, quando te apetecer sair do livro do Senhor Swift, me escrevas ou me telefones para eu ir contigo ao cais mais longínquo da bruma e da tempestade.

Tu deves saber onde eu moro, porque personagens como tu nunca se esquecem de quem as leu, amou e admirou.

Eu cresci contigo enquanto tu crescias e minguei a teu lado quando tu te tornavas anão. Contigo percebi que o nosso tamanho, na realidade, depende sempre dos olhos de quem nos vê.

Não te esqueças de dar notícias, porque eu continuo a ter um barco pronto para as grandes viagens que tu deixaste por fazer. É só fazer a mala e partir. A mala não: um saco de lona com a roupa leve que se deve vestir no calor dos trópicos.

Não te esqueças de dar notícias. Ainda me hás-de ensinar de que forma é que os homens, as ilhas e os países mudam de tamanho no grande mar dos livros, no oceano dos sonhos mais antigos.

José Jorge Letria, Cartas aos heróis (pp. 4-7)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

S. Leonardo de Galafura... o "paraíso" de Miguel Torga

"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta." (Miguel Torga, Diário XII).


São Leonardo da Galafura

À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.

Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.

Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!

Miguel Torga
(Miguel Torga é o pseudónimo literário do médico Adolfo Correia da Rocha, nascido em S. Martinho de Anta, aldeola perdida na província nordestina de Trás-os-Montes. Para quem não sabe, “torga”é uma planta transmontana, urze campestre, cor de vinho, com as raízes muito agarradas e duras, metidas entre as rochas. Uma planta tão agarrada à terra quanto ele foi, ao longo do seu percurso de vida.)

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quem não conhece "O Rapaz de Bronze"?

Florinda

Tens em teu rosto a beleza
Das Primaveras em flor.
Das orquídeas, a pureza,
Dos doces cravos, o odor.

Teus olhos, duas estrelas,
Fazem inveja ao luar
Que, à noitinha, ao vê-las,
Não pára de suspirar.

A tua boca encarnada
É uma papoila a florir.
É uma fonte encantada,
Botão de rosa a abrir.

Suave e terno esplendor
De uma beleza infinda.
Menina-aroma, menina-flor.
Florinda, linda, linda...

Maria João Marques

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Reflexão...

"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito, mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a prova de que duas almas não se encontram ao acaso."

Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Halloween na nossa Escola (III)... Trick or Treat? :-)

(Clicar sobre a fotografia para aumentar)

As nossas "bruxinhas" e os nossos "monstros" do 7º B.
Será que alguém recusaria um doce a estas carinhas simpáticas?

(Clicar sobre a fotografia para aumentar)

Nem o Presidente do Conselho Executivo, Dr. Paulino Macedo, escapou a esta inesperada e "assustadora" visita. :-)


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O Halloween na nossa Escola... (II) As Abóboras



Aqui ficam os registos fotográficos de algumas abóboras da nossa magnífica exposição. Digam lá se não estão criativas!

(As fotos das restantes actividades realizadas nesse dia serão publicadas na próxima 2ª feira).


(Ligar o som e clicar em play)