O Natal, festa de amor, paz, fraternidade e, sobretudo, união familiar, nem sempre tem, para todos, a magia que o torna a celebração mais desejada do ano.
As situações de guerra, pobreza, doença e de sofrimento e saudade pela perda de entes queridos acabam por, lentamente, "apagar" o espírito natalício e destruir, dentro de nós, a alegria que, quando crianças, sentíamos.
Essa nostalgia está presente nas palavras de vários escritores e é-nos transmitida de forma sofrida, quer em prosa quer em poesia.
É o caso dos poemas que publicaremos nos próximos dias.
Esperamos que as suas mensagens não ensombrem a vossa felicidade e que sirvam, apenas, de reflexão sobre “outras" realidades... sem fitas, sem luzes, sem brilho...
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
David Mourão-Ferreira
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