Professor!...
Não escrevo para agradecer-te,
pois a felicidade da tua realização,
tantas vezes dura, tantas vezes heróica,
é a recompensa fundamental
da tua dedicação...
Venho dizer-te, para seres mais feliz ainda,
que começamos a partilhar tua lição,
quando chegas sorridente,
quando sobes ofegante, de mensagem na alma
e livros na mão...
Quando sais vagarosamente,
sob o peso do cansaço e desilusão...
Não escrevo para agradecer-te,
porque o nosso acolhimento caloroso,
a nossa atenção quando explicas,
a nossa compreensão quando a fadiga
te arrasta e nos cansas
o nosso interesse por ti
e por tudo quanto nos comunicas com paixão
tudo é resposta da nossa gratidão.
Mas escrevo-te com uma mensagem
de carinho e de esperança:
assegurar-te que não morrerás!
Ficarás vivo, perpetuando com saudade,
em tantas estátuas de carne e espírito,
que, num labor insano e agreste,
modelaste generosamente
com a tua doação de Mestre!
Mário Salgueirinho
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