quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

NA TAL...

Na tal habitação volto a falar-te
Na tal que já eu próprio não conheço
Na tal que mais que tálamo era berço
Na tal em que de noite nunca é tarde

Na tal de que por fim ninguém se evade
Na tal a que sei bem que não regresso
Na tal que umbilical cabe num verso
Na tal sem universo que a iguale

Na tal habitação te vou falando
Na tal como quem joga às escondidas
Na tal a ver se tu me dizes qual

Na tal de que eu herdei só este canto
Na tal que para sempre está perdida
Na tal em que o natal era Natal

David Mourão-Ferreira

1 comentário:

Anónimo disse...

Tal e qual, o Natal mais natural...

Invejo a vossa perícia na descoberta destas preciosidades.