segunda-feira, 24 de março de 2008

Viagem Atribulada...

Viagem Atribulada

Tic…toc…tic...toc
Chovia a cântaros na capital. Luís corria. Ainda faltavam dois quilómetros e já estava encharcado. Por cada esquina que passava, via um aglomerado de pessoas abrigadas à espera que a tempestade se acalmasse.
Chegado à Gare do Oriente, esperou por informações sobre o seu comboio. Então ouviu uma voz feminina, mencionando que o comboio com destino a Madrid ia dar entrada na linha número 5. Sentiu um aperto, quando reparou que lhe faltava o bilhete. Luís tentou abstrair-se de tudo, mas não conseguia, dado o enorme ruído. O comboio já tinha chegado e ele, ali, sem o bilhete. Pensou em comprar outro, mas as portas do comboio já estavam a fechar. Desatou a correr e entrou mesmo por um triz. Tentou lembrar-se do número do seu lugar, mas estava tão nervoso que só se lembrava que ia ser apanhado. Então, escolheu o lugar mais sombrio que havia, com a esperança de que ninguém reparasse nele.
Sentiu uma presença e acordou. Desta vez, já não viajava sozinho, havia alguém sentado a seu lado. Reparou que passavam por Elvas e o tempo dava sinais de estar cada vez pior. Os trovões eram cada vez mais frequentes. Atreveu-se a olhar para o seu vizinho. Era um senhor de idade, mas ainda muito capaz. Estava entretido com o que parecia ser um Sudoku. Reparou que a sua mala estava identificada com o nome João Azevedo. Quando decidiu meter conversa, o senhor levantou-se e dirigiu-se para o lado esquerdo. Atravessou a porta, que conduzia à carruagem seguinte, e desapareceu. Luís começou a divagar na sua mente, pensando no que iria visitar, quando chegasse a Madrid e qual seria o seu próximo destino. Pensou na sorte que tinha tido ao ter ganho o concurso da CP. Como estava tudo a ser tão monótono, deixou-se cair num sono profundo.
Foi acordado por alguém que lhe disse que a viagem já tinha terminado e que já toda a gente tinha saído do comboio. Luís agradeceu a atenção e começou a arrumar as suas coisas. Saiu e percorreu toda a estação com os seus olhos. Ouviu um ruído, vindo da sua barriga, e decidiu ir comer alguma coisa. Escolheu uma pastelaria que parecia sossegada e, ao mesmo tempo, acolhedora. Pediu um café e uma nata. Meteu a mão no bolso e quase gritou, quando reparou que não estava lá a sua carteira. Procurou em todo o lado e nada. Preparou-se para ir ao balcão contar o que tinha sucedido, quando lhe disseram que a sua conta tinha sido paga. Luís ficou parvo com esta resposta. Perguntou quem tinha pago, mas já a empregada estava ocupada com outro cliente.
Não sabia o que fazer. Como iria ele sair daquela cidade onde todos lhe eram desconhecidos? Lembrou-se de ligar a algum familiar, mas o telemóvel estava sem bateria. Estava tão perturbado que nem deu conta do que estava a fazer, chocando com uma mulher. Pediu desculpa e ajudou-a a apanhar as coisas. A mulher, com a pressa, esqueceu-se de um pequeno envelope branco. Luís ainda a tentou chamar, mas esta já ia bem longe. Resolveu abrir o envelope, pois podia ser importante. Para sua grande admiração, o que se encontrava dentro do envelope era um bilhete exactamente para Lisboa. Uma vez que Luís estava mesmo desesperado e queria ir embora, nem se deu ao trabalho de seguir a mulher. Pensou: “Já que tenho esta oportunidade, vou é aproveitá-la”. E de lá veio todo contente. Chegado ao comboio, procurou pelo seu lugar. Era o número 20 e ficava na terceira carruagem. No seu lugar estava o que parecia ser uma espécie de embrulho e então pensou que já se tivesse sentado lá alguém. Só que ao longo da viagem, ninguém apareceu. Luís, não aguentando mais, desembrulhou o pacote. Era a sua carteira…

Mário Fontes – 9º Ano

5 comentários:

Anónimo disse...

Os meus parabéns aos meus colegas do CLUBE DAS LÍNGUAS VIVAS, porque, embora trazendo aqui muitos nomes pertencentes ao CLUBE DOS POETAS MORTOS, a sua poesia continua bem viva e merecedora de ser lida e apreciada pelos nossos alunos.

Anónimo disse...

E depois...? E depois...? Conta!!!
Muito bem Mário! Escreves de forma cativante. Mais uma qualidade, a acrescentar às que já tens...

Anónimo disse...

Boa noite, Mário :-)

Creio que não te conheço... É, por isso, óbvio que também desconheça as qualidades a que se refere o comentador anterior.
Porém, depois de me ter deliciado com a leitura desta tua "história", não tenho qualquer dúvida de que és um grande "escritor".
Será que este "episódio" vai ter continuação? Espero que sim... Fiquei curiosa! :-)

Parabéns!

Anónimo disse...

Isto é magia ou quê?
A história está fantástica!
Eu sou muito curiosa e por isso gostava de saber se esta história vai ter continuação!

Catarina, 7ºB

Anónimo disse...

Isto é magia ou quê?
A história está fantástica!
Eu sou muito curiosa e por isso gostava de saber se esta história vai ter continuação!

Catarina, 7ºB