quarta-feira, 30 de julho de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
Amigo é...
Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O’Neill
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O’Neill
(Poema enviado por um Amigo)
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Amigo...
Procura-se um amigo...
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
(...)
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
(...)
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes
domingo, 27 de julho de 2008
Lágrimas Ocultas...
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
sábado, 26 de julho de 2008
26 de Julho - Dia dos Avós...
De Meus Avós...
De meus Avós,
Uma terna recordação.
Um recuar no tempo, meus anos de menina.
Um casarão,
Um sótão,
Uma escada em caracol,
Um piano,
Tectos pintados cheios de luz,
Cheios de sol,
E-TO-DO-TEM-PO-DO-MUN-DO para amar uma traquina.
De meus Avós,
Uma imagem com pormenor,
Que guardo na minha retina.
Uma vontade maior
De cantar bem alto,
Tão alto quanto um farol,
O que ainda sei de cor,
Por ouvir ao adormecer canções de embalar,
Em dó ou ré ou mi fá sol.
Profª Margarida Rita
De meus Avós,
Uma terna recordação.
Um recuar no tempo, meus anos de menina.
Um casarão,
Um sótão,
Uma escada em caracol,
Um piano,
Tectos pintados cheios de luz,
Cheios de sol,
E-TO-DO-TEM-PO-DO-MUN-DO para amar uma traquina.
De meus Avós,
Uma imagem com pormenor,
Que guardo na minha retina.
Uma vontade maior
De cantar bem alto,
Tão alto quanto um farol,
O que ainda sei de cor,
Por ouvir ao adormecer canções de embalar,
Em dó ou ré ou mi fá sol.
Profª Margarida Rita
Avó Materna
Da minha avó materna,
Uma recordação terna
Diluída no passado...
Um azul-céu no olhar
E um sorriso a bailar
No rosto já enrugado...
Bem presente na memória
Uma boneca, uma história
Que me tem acompanhado...
E a doce avó franzininha
Continua “viva” e minha,
Luz etérea, a meu lado...
Neta nostálgica
quarta-feira, 23 de julho de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
Saldos (na perspectiva dos homens)
De todas as palavras da língua portuguesa, há duas que têm um poder quase sobrenatural sobre o ser humano.
Para os homens, é a palavra SEXO, enquanto que para as mulheres é, sem dúvida, a palavra SALDOS.
Quando chega essa altura do ano, é ver os centros comerciais de todo o país a encherem-se de mulheres zombificadas a, literalmente, arrastarem os seus namorados/maridos/amantes pelos corredores intermináveis dos centros e a entrarem em TODAS as lojas que tenham a palavra "Saldos" na montra... Mesmo que seja uma loja de ferragens!! Tipo:
- Olha ali, querido! Uma caixa de 100 pregos em aço inoxidável com 50% de desconto!!! Vou comprar!
A palavra SALDOS tem uma espécie de poder mangético sobre as mulheres. Aliás, deixo desde já aqui um conselho para alguns dos nossos leitores:
- JOVEM, és feio que nem um sapo com acne? Tens tanto jeito para engatar miúdas como o Zé Cabra tem para cantar? A experiência mais próxima a estar com uma mulher que já tiveste foi andar aos beijos com uma fotografia da Catarina Furtado que veio na revista Maria?
Então nós temos a SOLUÇÃO para ti!!!
Põe uma placa com a palavra SALDOS na testa, e vais ver as miúdas todas a correr na tua direcção que nem cães esfomeados atrás de um presunto!
Sucesso garantido!
Do lado de fora das lojas, encostados ao frio e desconfortável corrimão, ficam os pobres e desgraçados homens. Mesmo sem se conhecer, olham-se mutuamente com uma expressão conformada, como quem diz: "Cá estamos mais uma vez... É a vida..."
Durante o resto do ano, o homem pode ter a função de amigo, confidente ou amante, mas na altura dos saldos, a sua única função é......... Segurar nas sacas das compras!!! Assim tipo, cabide com pernas...
Lá dentro é o caos! Qual tsunami, qual quê?! A confusão é tão grande, que correm boatos que dizem que a Al-Qaeda esteve para fazer um atentado no Centro Comercial Colombo o ano passado. A nossa salvação foi que estávamos na altura dos saldos. Os terroristas chegaram lá e viram tanta destruição que pensaram que já alguém tinha feito um atentado primeiro e desistiram da ideia.
É roupa nas mesas, roupa nas cadeiras, roupa no chão, roupa no tecto... enfim, mulher que é mulher não pode deixar uma peça de roupa na prateleira.
Depois vem a pior parte: experimentar!
São filas intermináveis à porta das cabines de prova com dezenas de mulheres com a sua peça de roupa escolhida que, por acaso, já foi experimentada por mais 572 mulheres nos últimos 30 minutos, entre elas, uma velhota de 95 anos com as peles penduradas, uma miúda que se recusa a cortar os pêlos dos sovacos, uma pensionista que toma banho de 3 em 3 meses e uma rapariguinha que estava constipada, coitadinha, e espirrou umas dez vezes para cima daquilo.
Mesmo sabendo de tudo isto, elas insistem em vestir a sua "conquista" e tê-la bem encostadinha ao corpo... Que delícia!
Por fim, chega a minha parte preferida... Quando elas nos vêm pedir opinião!
Ela: Ó querido, vê lá estas calças... como é que ficam?
Ele: Ficam bem...
Ela: Oh! Dizes sempre que fica bem! Só estás a dizer isso para poderes ir embora!
Ele: Ok, pronto... então ficam mal...
Ela: FICAM MAL?!? Anda lá! Fala a sério!
Ele: Eu até gosto, mas tu não compraste umas exactamente iguais a essas há 12 lojas atrás?
Ela: És mesmo homem! Não percebes nada disto! Não vês que as outras eram azul-baleia e estas são azul-golfinho?! Ainda por cima, estas têm aqui estes dois pontinhos brancos nos bolsos! É MUITO diferente!
Ele: Ah... Tou a ver... Então olha, será que posso levar aquela loira que ali está connosco para casa?
Ela: Tás parvo?! Que conversa é essa?!
Ele: És mesmo mulher! Não percebes nada disto! Não vês que esta tem o cabelo amarelo-dourado e o teu é amarelo-oxigenado?! Ainda por cima, esta tem peito 38! É MUITO diferente!
Acho que não preciso de dizer que o desgraçado que dissesse uma coisa destas levava com uma lambada tão grande no focinho que ia parar directo ao hospital.
Perante uma situação dessas, só um pensamento poderia passar pela cabeça de todos os outros homens presentes:
"Sortudo... ao menos já conseguiu ir embora..."
João Miguel Marques
segunda-feira, 21 de julho de 2008
sexta-feira, 18 de julho de 2008
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Gansos Valentes
Gansos Valentes
Era uma vez uma raposa muito malvada.
Ela foi a uma casa, numa das ruas de Paradela, onde havia gansinhos pequeninos e patos pequeninos. O pai dos gansinhos não deixava a malvada da raposa comer galinhas, que era o passatempo preferido dela.
Certo dia, a raposa aproximou-se dessa casa e, já dentro do galinheiro, disse:
- Então, galinhas, estão prontas para serem comidas?
O pai ganso disse assim:
- Não, não! Porque eu sou muito forte, e não deixo as raposas ou qualquer outro bicho comer as galinhas! Dou-lhes uma ferradela no rabo, se tentarem!
A raposa veio a casa do João e comeu uma galinha.
O ganso, vendo tal acto, juntamente com os seus filhotes e os patos, deu-lhe uma valente ferradela no rabo.
A raposa, cheia de dores, fugiu pela estrada fora, ao mesmo tempo que todos os animais da aldeia e todos os moradores de Paradela iam a correr atrás dela, com imensas ferramentas para a matarem.
A raposa, muito malvada, meteu-se por um caminho que vai dar ao S. Gonçalo e… nunca mais ninguém a viu.
João Campos, 6 anos, e Inês Campos, 13 anos
Era uma vez uma raposa muito malvada.
Ela foi a uma casa, numa das ruas de Paradela, onde havia gansinhos pequeninos e patos pequeninos. O pai dos gansinhos não deixava a malvada da raposa comer galinhas, que era o passatempo preferido dela.
Certo dia, a raposa aproximou-se dessa casa e, já dentro do galinheiro, disse:
- Então, galinhas, estão prontas para serem comidas?
O pai ganso disse assim:
- Não, não! Porque eu sou muito forte, e não deixo as raposas ou qualquer outro bicho comer as galinhas! Dou-lhes uma ferradela no rabo, se tentarem!
A raposa veio a casa do João e comeu uma galinha.
O ganso, vendo tal acto, juntamente com os seus filhotes e os patos, deu-lhe uma valente ferradela no rabo.
A raposa, cheia de dores, fugiu pela estrada fora, ao mesmo tempo que todos os animais da aldeia e todos os moradores de Paradela iam a correr atrás dela, com imensas ferramentas para a matarem.
A raposa, muito malvada, meteu-se por um caminho que vai dar ao S. Gonçalo e… nunca mais ninguém a viu.
João Campos, 6 anos, e Inês Campos, 13 anos
terça-feira, 15 de julho de 2008
Sentimentos...
Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.
Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"
quinta-feira, 10 de julho de 2008
quarta-feira, 9 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Lágrima Celeste
Lágrima Celeste
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar!
Ah! se tu não fosses
lágrima do céu,
lágrimas tão doces
não chorava eu.
Se eu nunca te visse,
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
Pomba debandada,
que é dos filhos teus?
Luz da madrugada,
luz dos olhos meus!
Meu suspiro eterno,
meu eterno amor,
de um olhar mais terno
que o abrir da flor.
Quando o néctar chora
que se lhe introduz
ao romper da aurora
e ao raiar da luz!
(...)
A ti, que amo tanto
como a flor a luz,
como a ave o canto,
e o Cordeiro a Cruz;
A campa o cipreste,
a rola o seu par,
lágrima celeste,
pérola do mar.
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar?
João de Deus
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar!
Ah! se tu não fosses
lágrima do céu,
lágrimas tão doces
não chorava eu.
Se eu nunca te visse,
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
Pomba debandada,
que é dos filhos teus?
Luz da madrugada,
luz dos olhos meus!
Meu suspiro eterno,
meu eterno amor,
de um olhar mais terno
que o abrir da flor.
Quando o néctar chora
que se lhe introduz
ao romper da aurora
e ao raiar da luz!
(...)
A ti, que amo tanto
como a flor a luz,
como a ave o canto,
e o Cordeiro a Cruz;
A campa o cipreste,
a rola o seu par,
lágrima celeste,
pérola do mar.
Lágrima celeste,
pérola do mar,
tu que me fizeste
para me encantar?
João de Deus
sábado, 5 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
O Búzio...
Pus um búzio da praia
na concha do meu ouvido.
Logo ouvi o mar chamar
muito longe, num gemido.
Ó mar...
Ó mar...
Peguei num búzio das águas,
pousado ali na areia.
Ele guardava a canção
secreta duma sereia.
Ó mar...
Ó mar...
É só um búzio das ondas,
todos o julgam vazio.
Mas eu viajo lá dentro
num sonho feito navio.
Ó mar...
Ó mar...
Luísa Ducla Soares
quarta-feira, 2 de julho de 2008
No fundo do mar...
Fundo do mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner
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