Tenho uma janela
Que dá para uma rua
Vozes a partir
Vozes a chegar
Tenho uma janela
Que dá para sonhar
Passos acertados
Corridas sonoras
Tenho uma janela
Onde passo horas
Dois gatos astutos
de barriga ao sol
Crianças que jogam
Adultos perdidos
Tenho uma janela
que alerta os sentidos
Convidando o sol
misteriosa à lua
a minha janela,
vigilante atenta,
desvenda esta rua.
Às vezes o mundo
Girando cá dentro
Confunde e magoa,
Afronta e esvazia
Às vezes as vidas
que passam lá em baixo
tropeçam nas falhas
do cimento triste
e tremem com o vento
e a chuva fria
Com passos incertos,
mas de olhos na luz
Chego-me à janela
Para me lembrar
Que a vida lá fora
e o mundo cá dentro
Abrindo as janelas
E descendo à rua
Poderão mudar.
Bucólica stressada
2 comentários:
Muitíssimo interessante este poema.
Uma janela do nosso interior voltada para o que nos rodeia, com as suas contradições e desenganos.
Excelente ! Os meus parabéns !
Boa tarde, Bucólica Stressada :-)
Já nos tinha revelado um pouco do seu talento, aquando do "desafio" O Amor é...
Este belíssimo poema veio reiterar o que, então, dissemos: é, de facto, uma excelente poetisa e uma mulher com uma enorme sensibilidade...
Parabéns!
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