Talvez noutra gaveta. Noutro quarto.
Talvez dentro de mim que me apertava
contra as paredes do teu sexo-parto.
A porta que entretanto atravessava
talhada no teu ventre de alabastro
abria-se fechava dilatava.
Agora sei: dali nunca mais parto.
Não minha mãe. Também não era a sala
nem nenhum dos retratos de família
nem a brisa que a vida já não tem.
Talvez a tua voz que ainda me fala...
... o meu berço enfeitado a buganvília...
Tenho tantas saudades, minha mãe!
José Carlos Ary dos Santos
3 comentários:
Não conhecia este belo poema do Ary.
Realmente, aqui, encontramos sempre novidades:)
Quanto à foto... bem... esta menina prometia. Por onde andará ela hoje?
Uma linda homenagem à Mãe.
Esta menina
"não tinha tranças pretas
mas caçava borboletas
como quem corria atrás
de uma ilusão..."
Só que o tempo foi passando e a menina de tranças loiras cresceu, transformou-se numa mulher e percebeu que a ilusão não era mais do que... uma ilusão... :-( e desistiu de "correr"...
Minha querida "anónima":
Nunca por nunca desista de correr.
Corra, corra, até que os pés lhe doam...
E não se importe de perder uma ilusão se, em contrapartida, conseguir encontrar uma verdade !
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